Frente Parlamentar Estadual da Coleta Seletiva
Coordenação: Deputado João Antonio (PT)
Assembléia Legislativa de São Paulo

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rio + 20


O Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza

CNO Rio+20 
Propostas serão levadas a chefes de estados
 Os exemplos de pequenas comunidades baseadas na agricultura de subsistência que venceram a condição de pobreza por meio da adoção de um modelo verde e de inovações tecnológicas foram uma inspiração para os dez palestrantes do debate "O Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza", na noite de sábado. O tema marcou o encerramento do primeiro dia dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, uma série de encontros com representantes da sociedade civil, comunidade acadêmica e científica e setor privado.

Em sua apresentação, o economista indiano Pavan Sukhdev lembrou que 60% das terras do planeta é ocupada por pequenas fazendas e que um terço da população mundial depende da agricultura como meio de vida. Sukhdev afirmou que as inovações tecnológicas podem aumentar o retorno financeiro dos pequenos agricultores em até 80%.

"Existem formas acessíveis de melhorar a produção e tornar as fazendas ecologicamente amigáveis", disse. Diretora de um centro de estudos para políticas sociais, a chinesa Tuan Yang lembrou que o modo de produção sustentável e a adoção de um modelo verde de segurança alimentar pelas cooperativas rurais melhoraram muito as condições de vida em pequenas comunidades de seu país.

O produtor argentino Victor Trucco citou avanços tecnológicos para melhorar o solo e o resultado da produção. "O uso da semeadura não-hostil mudou o paradigma da produção e possibilitou que os agricultores possuam um bom nível de vida através de seus próprios meios", explicou. A equação, lembrou Trucco, possibilitou que se formasse pequenas comunidades urbano-rurais no interior da Argentina, com população em torno de 10 a 15 mil pessoas, com boa gama de serviços, sem aumentar a migração para as metrópoles.

A presidente da Federação Peruana de Trabalhadoras Rurais, Lourdes Atencio, também defendeu a busca de qualidade de vida no campo. "A migração do campo para a cidade não pode ser uma meta, assim como os nossos estudantes e pesquisadores não deveriam sair da faculdade com o intuito exclusivo de ganhar dinheiro, mas de também ajudar os outros", disse, bastante aplaudida.

A ideia de dedicar uma parcela maior de pesquisas para buscar a igualdade e não apenas a competitividade também foi ressaltada pela professora uruguaia Judith Sutz e pela ex-ministra brasileira do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Márcia Lopes.

Com um discurso mais duro, o professor português Boaventura de Sousa Santos lembrou que o mercado não deve ser a única forma do homem de lidar com a natureza. Mais do que a erradicação da pobreza, Boaventura defendeu que a sociedade deveria lutar contra a concentração de renda e desigualdade e pregou uma reforma do sistema político. Já o indiano Manish Bapna, presidente do World Resources International (WRI), citou a Primavera Árabe para reforçar a importância de dar voz e dignidade para os menos favorecidos. Uma relação de boa governança, em sua visão, é crucial para aumentar a participação dos pobres e dar um passo na direção do desenvolvimento sustentável.

Mais do que propor uma solução global, Severn Cullis-Suzuki salientou que é importante respeitar a diversidade encontrada em comunidades espalhadas mundo afora. A ativista canadense lembrou que algumas comunidades não-integradas ao sistema econômico mundial ensinam que é possível viver bem sem grandes ganhos financeiros, uma experiência vivida em primeira mão pelo líder indígena Marcos Terena.

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