Arquitetos e ambientalistas lançam mão da alta tecnologia para criar as cidades do futuro - 100% sustentáveis, com um elevado índice de qualidade de vida e o nostálgico apelo de retorno às origens.
Por Márcia Lobo
Há algo de verde no
reino das megalópoles. Absolutamente convencidos de que o prazo
de validade dos recursos naturais se encontra bem próximo do fim, as grandes potências
estão se unindo para construir um mundo melhor. E os projetos que até há pouco tempo eram considerados meras curiosidades criadas por visionários começam a ser levados a sério. É o que vem acontecendo em países como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, China e Emirados Árabes.
de validade dos recursos naturais se encontra bem próximo do fim, as grandes potências
estão se unindo para construir um mundo melhor. E os projetos que até há pouco tempo eram considerados meras curiosidades criadas por visionários começam a ser levados a sério. É o que vem acontecendo em países como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, China e Emirados Árabes.
A criação de Mega acidades sustentáveis e a busca de soluções
criativas e viáveis para o problema foi a razão de ser da 7ª Conferência
Internacional de Eco cidades, realizada em abril, em São Francisco, nos Estados
Unidos. Organizada pelos cerca de 100 membros da Ecology Bilders, o objetivo
foi abrir os olhos do mundo para um fato simples e preocupante que a maior
parte das pessoas ignora ou evita encarar: neste exato momento, praticamente
ninguém – por mais dinheiro ou poder que tenha – está morando e vivendo bem.
Responsável pela conferência, o arquiteto norte-americano
Richard Register, que desde 1974 estuda soluções para cidades saudáveis, afirma
que a época dos paliativos já passou. Os “prédios inteligentes”, por exemplo,
não são mais suficientes. Até porque a maior parte deles está sendo construída
no lugar errado, longe do centro, alimentando nossa dependência do automóvel,
que ele considera mais de 150
m para encontrar o transporte público sobre trilhos.
Completadas as etapas iniciais das obras, Mandar receberá os primeiros
moradores em 2009: serão cientistas, técnicos e acadêmicos, que vão testar as
novidades e sugerir as correções, se forem necessárias.
Richard Register não precisará esperar mais um ano para
identificar o único problema do projeto: o fato de ele ficar nos Emirados
Árabes – o que considera um doloroso desperdício de petróleo – e, por suas
características muito específicas, não poder ser usado em outros lugares. Ele
acha bem mais útil e inspirador de soluções o mapeamento que a Ecology Bilders
está fazendo para “reconstruir” a cidade norte-americana de Oakland, tornando-a
no futuro um lugar onde os habitantes poderão se locomover confortável e
preferencialmente a pé ou de bicicleta. Resumindo: para ele, mais importante do
que criar ecocidades é começar a salvar as que já existem.
Ambicioso mesmo é um projeto chinês que fica a 25 km de Xangai. A vila de
Dongtan, localizada na ilha fl uvial de Chogming, deverá se tornar a partir de 2010 a primeira cidade
ecológica do mundo. Com 86 km2 (mais ou menos o tamanho de Manhattan), tem a
assinatura da Arup, uma consultoria inglesa especializada em design e inovação.
A ideia é criar até 2050 um paraíso não só para os futuros 500 mil habitantes
como também para os pássaros migratórios, que fazem da região um ponto de
parada na rota entre a Austrália e a Sibéria. Com os carros, as chaminés também
foram banidas.
A energia virá de fontes renováveis, principalmente dos ventos e
da biomassa da casca de arroz. Para dispensar elevadores, os prédios terão seis
andares e foram planejados de modo a tirar o máximo proveito das condições
naturais do clima. Energia solar e sistema de ventilação inteligente permitirão
a economia de 66% de energia. A água e 90% dos resíduos sólidos serão
reaproveitados. Ao sair de qualquer uma das casas, o morador estará a apenas
sete minutos a pé dos transportes públicos e de toda a infra-estrutura urbana.
Ou poderá ir de bicicleta – veículos motorizados, só os movidos a combustíveis
limpos, como bateria e células de hidrogênio. A maioria dos alimentos também
será produzida ali, em fazendas orgânicas, que, com as áreas verdes, ocupam
dois terços de sua extensão total.
Embora Peter Head, o diretor da Arup, acredite que cada cidade
precise encontrar uma solução própria e não pretenda fazer de sua Dongtan um
modelo a ser seguido, o que é bom para a China parece também ser bom para os
Estados Unidos.
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