Santa Catarina produz aproximadamente 12 mil toneladas de ostras e mariscos por ano e a maior parte deles são consumidos no estado, o que implica em montes de conchas nos aterros sanitários. O de Biguaçu, por exemplo, estará lotado em 7 anos. A boa notícia é que com cada tonelada de conchas são fabricados 4 mil blocos para construção civil, suficientes para construir uma casa de 120 m2.
O aproveitamento do que antes era considerado resíduo e ia para o lixo foi viabilizado por recursos do PAPPE (Programa de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas). Em sua última chamada pública, o PAPPE disponibilizou quase R$10 milhões às propostas selecionadas, sendo R$6.535.215,90 provenientes da FINEP (Financiadora Nacional de estudos e projetos). A FAPESC (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina) entra com R$1,5 milhão e o mesmo valor é bancado pelo SEBRAE/SC (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Pouco mais de R$212 mil foram destinados ao projeto Bloco Verde, que resultou em diferentes tipos de blocos, quatro deles usados no calçamento da Avenida Rubens de Arruda Ramos (a Beira Mar de Florianópolis). "Eles absorvem menos água e são cerca de 30% mais resistentes que os blocos e pavimentos inter-travados convencionais", diz Bernadete B. Batista, idealizadora do projeto. Apresentado na UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), seu Trabalho de Conclusão de Curso em Engenheira Ambiental, deu início a uma série de experimentos para reduzir o uso do cimento e outros materiais na construção civil. Deixar de usar areia e pó de pedra na produção de blocos evita escavações desnecessárias e preserva os morros catarinenses. "Além disso, estamos dando uma solução para resíduos que são um problema para a Grande Florianópolis", acrescenta Luiz Francisco Teixeira Marcondes, um dos diretores da Blocaus Pré-Fabricados Ltda, sediada em Biguaçu.
Levar montanhas de cascas para a empresa requer parcerias, como a que foi proposta à Prefeitura Municipal de Florianópolis. "A gente já tem um convênio com a Prefeitura de São José, e os seus caminhões recolhem as conchas das áreas de maricultura do município e trazem para nossa empresa. Nossa empresa busca conchas na Fazenda Marinha Atlântico Sul, uma vez por semana", explica Bernadete. "Os maricultores ficam felizes quando o caminhão chega para pegar as conchas, porque eles não têm o que fazer com tantos resíduos. Acabam jogando-as no mar ou em terrenos baldios, o que causa problemas sociais e ambientais, como o assoreamento das praias."
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