A partir de 2 de agosto, a cidade que não tiver o planejamento
fica impedida de solicitar recursos federais para limpeza urbana. Qual cidade
conseguirá?
Maior parte dos resíduos produzidos pela
população ainda vai para áreas inadequadas, com impactos ambientais e sociais
(Arquivo/ABr)
Brasília – A maior parte dos
estados e municípios brasileiros ainda não elaborou seu Plano de Gestão de
Resíduos Sólidos, apesar de o prazo para concluir o projeto – que deve indicar
como será feito o manejo do lixo em cada localidade – estar próximo do fim. A
partir de 2 de agosto, a cidade que não tiver o planejamento fica impedida de
solicitar recursos federais para limpeza urbana. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente, até o momento houve apenas 47 pedidos de verba para construção dos
planos, entre solicitações de administrações municipais e estaduais.
Como não é obrigatório pedir
auxílio da União para elaborar os planejamentos, pode haver projetos em curso
dos quais o ministério não tenha ciência. Mas a avaliação do órgão é a de que o
interesse pela criação dos planos de gestão é baixo, mesmo que se leve em conta
estados e municípios atuando por conta própria. “O pessoal tinha outras
demandas e foi deixando de lado. Agora o prazo está se esgotando e a maioria
não elaborou [o projeto]”, diz Saburo Takahashi, gerente de projetos da
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio
Ambiente.
As cidades e unidades da
Federação tiveram dois anos para construir seus planos de manejo de resíduos,
cuja criação está prevista na Lei n° 12.305/2010, que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. As consequências do pouco comprometimento com a
exigência federal poderão ser sentidas cedo por estados e municípios. “De
acordo com a legislação, até 2014 devem ser eliminados todos os lixões do
Brasil. Para isso, será preciso implantar aterros sanitários, o que não se faz
da noite para o dia. As cidades e estados que não tiverem plano de gestão não
vão poder solicitar recursos para fazer isso”, destaca Takahashi.
O represente do ministério
reconhece, porém, que a verba disponível para ajudar municípios e unidades da
Federação a elaborar os planos é escassa. No ano passado, houve destinação de
R$ 42 milhões para essa finalidade, dos quais R$ 36 milhões foram usados. Este
ano não foi disponibilizado dinheiro, e o governo federal limitou-se a liberar
os R$ 6 milhões que não haviam sido executados em 2011.
Saburo Takahashi ressalta, no entanto, que o ministério redigiu
um manual de orientação para ajudar prefeitos e governadores na elaboração do
plano, disponível no site do órgão (www.mma.gov.br).
Além disso, a pasta firmou convênio com a e-Clay, instituição de educação a
distância que pode treinar gratuitamente gestores para a criação do plano de
manejo. Interessados devem entrar em contato pelo telefone (11) 5084 3079.
A pesquisadora em meio ambiente
Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), considera
positiva a capacitação a distância, mas acredita que para tornar a gestão de
resíduos uma realidade é preciso mais divulgação desse instrumento, além da
conscientização sobre a importância do manejo do lixo. “Tem que haver
propaganda, um incentivo para as pessoas fazerem isso [o curso]”, opina. Elaine
acredita que a dificuldade para introdução de políticas de manejo – como
reciclagem e criação de aterros sanitários – atinge sobretudo os municípios
pequenos, com até 20 mil habitantes. “Faltam recursos e contingente técnico nas
pequenas prefeituras”, destaca.
O vice-presidente da
Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João
Zianesi Netto, também avalia que faltou capacitação e conscientização. “Alguns
[Não criaram o plano] por ignorância, outros por desconhecimento técnico. Em
muitos municípios de pequeno e médio porte, a destinação dos resíduos é
gerenciada por pessoas que não têm a formação adequada. Além disso, há uma
preocupação de que quando você começa a melhorar a questão ambiental você
aumenta os custos”, afirma.
O presidente
da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziluldoski, reclama da
falta de auxílio financeiro para que as prefeituras cumpram as determinações da
Lei n°12.305. Segundo ele, são necessários R$ 70 bilhões para transformar todos
os lixões em aterro sanitário, até 2014. “Isso equivale à arrecadação conjunta
de todos os municípios do país. Quando acabar o prazo, os prefeitos estarão
sujeitos a serem processados pelo Ministério Público por não terem cumprido a
lei”, disse. De acordo com ele, a estimativa da CNM é que mais de 50% das
cidades brasileiras ainda não elaboraram os planos de gestão de resíduos.
fonte:http://www.mundosustentavel.com.br
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