Frente Parlamentar Estadual da Coleta Seletiva
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Assembléia Legislativa de São Paulo

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dialogo com os povos indígenas é necessário para conservação dos Rios


Em pouco mais de 30 anos, a demanda por água potável crescerá mais do que a metade, sendo que nas indústrias o percentual da demanda chegará a 400% em detrimento de 130% do uso doméstico, segundo relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Essa demanda deve colocar sob risco de escassez hídrica cerca de 2,3 bilhões de pessoas que vivem perto de rios, especialmente na África e Ásia. Por outro lado, uma das maiores fontes de água doce, os rios, estão cada vez mais poluídos, virando nas metrópoles esgotos a céu aberto.
O modo predatório pelo qual a cultura ocidental utiliza os recursos naturais é alvo de críticas de ambientalistas e cientistas. Anunciado no relatório do OCDE, o colapso ambiental para o qual o mundo caminha, devido a ausência do equilíbrio necessário com o meio ambiente, reforça a afirmação do índio Marcos Terena, de que “o homem branco é uma civilização que não deu certo”.
Na mitologia indígena, o espírito das águas, os Guoianei, integram-se aos da floresta, os Zagapoi, sendo dependentes uns dos outros, porque não há floresta sem água, nem rios sem floresta. Quando rompida a alternância e integração, os espíritos inviabilizam a vida humana. Este pequeno relato está em um dos trechos do livro A morte social dos rios, do filósofo e sociólogo Mauro Leonel, professor livre-docente de Ambiente e Sociedade da USP (Universidade São Paulo).
Diálogo
Em entrevista exclusiva ao Portal EcoDesenvolvimento.org, Leonel, que há 27 anos estuda os povos indígenas, afirma que o desenvolvimento sem limites (esgoto, canalizações indevidas e falta de proteção das margens e nascentes) está matando os rios e que temos muito que aprender com os povos indígenas. “A várzea não é do ser humano. É das plantas e peixes”, diz.
Para o pesquisador, estabelecer o diálogo com os nossos indígenas é fundamental para trazer a harmonia necessária com a natureza. Leonel enfatiza que os índios e os ribeirinhos são ouvidos "porcamente" e critica a construção de Belo Monte no rio Xingu. “Dilma (Rousseff) vai bem, mas não tem uma orientação ambiental e sua política indigenista é um fracasso. Rio não é para grandes hidrelétricas", ressalta. Ele ainda acrescenta que em todo esse processo "os índios são grandes vítimas. Afinal, quem esperaria ver Raoni, um guerreiro (índio), chorando e sendo preso?”, ressalta.
De acordo com o professor, os recursos hídricos estão seriamente comprometidos, mesmo com a grande parcela de água doce existente no Brasil (pouco mais de 12% das águas superficiais do planeta). E o que falta para “reviver” nossos rios? “a sociedade deve compreender que a água, como o ar e o sol, é indispensável”.


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