Brasil descarta anualmente
mais de 30 milhões de pneus velhos em lixões, depósitos, quintais de casas e
outros lugares improvisados, como beiras de rios e matas. Uma solução simples,
mas eficiente, aplicada pelo Consórcio Univias pode mudar completamente essa
realidade: transformar a borracha dos pneus em asfalto.
A tecnologia existe no Estados Unidos, na Europa e na África do Sul desde 1960,
mas chegou ao Brasil em 2001. O chamado asfalto-borracha
utiliza em sua composição a borracha de pneus sem condições de rodagem. O
primeiro quilômetro testado usou 750 pneus de carro e provou que essa é uma
alternativa não somente mais econômica para a Univias, responsável pela
concessão de 992
quilômetros de estradas no Rio Grande do Sul, mas um
ganho de valor incomensurável para o meio ambiente.
“Se
10% das estradas pavimentadas do Brasil fossem recuperadas com a borracha de pneu,
mais de 16 milhões deles teriam destino certo”, diz o engenheiro Paulo Ruwer,
coordenador do projeto da Univias. Sem falar na economia de
120 mil toneladas do asfalto propriamente dito, o derivado do
petróleo usado para pavimentação de estradas. O grande problema dos pneus é que
a sua principal matéria-prima, a borracha vulcanizada, não se degrada
facilmente no meio ambiente:
são necessários de 300 a
400 anos para que se decomponha. Se queimado a céu aberto, o pneu é altamente poluente, pois libera
dióxido de carbono e enxofre. Pneus ao relento também são prejudiciais para a
saúde pública, uma vez que acumulam água e, conseqüentemente, tornam-se lugar
perfeito para a proliferação do mosquito da dengue.
Para
composição do asfalto-borracha,
os técnicos usam o pneu triturado bem fino. O pó de borracha
é, então, misturado ao asfalto e, depois, são acrescentadas britas.
Está pronto o asfalto ecológico, como o material ficou
conhecido. A receita pode parecer simples, mas não havia no mercado do Rio
Grande do Sul quem trabalhasse com a trituração da borracha de pneu,
tampouco quem, em seu processo produtivo, adicionasse o pó de borracha no asfalto.
Foi preciso que empresas que trabalham com a fabricação de asfalto,
como a Greco, e com a trituração de derivados de borracha, como a Microsul,
deixassem de lado sua produção padrão por alguns dias para trabalhar com a
borracha de pneu,
um material completamente novo para elas. “Investi para provar que esse mercado
pode e deve existir”, diz Daniel Puffal, dono da Microsul.
A
parceria culminou na aplicação do asfalto borracha no trecho de 1 quilômetro da
BR-116, em 2001, e foi o teste final para o novo produto. Desde então, a
Univias já restaurou 17
quilômetros e se prepara para expandir o projeto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário