Para muitos professores e diretores, trabalhar a Educação Ambiental não é tarefa fácil! E mais delicada ainda é a incoerência que existe, muitas vezes, neste tipo de trabalho, uma vez que algumas atividades incentivam ainda mais o consumo desnecessário, não abordam questões mais abrangentes e, tampouco geram reflexões e mudanças de valores.
Como exemplo, podemos citar as coletas seletivas: de que adianta ter em toda a escola diversos contêineres de cores diferentes distribuídos se o aluno mal sabe o porquê daquilo? E mais ainda: se o próprio funcionário encarregado pela limpeza não sabe nem vê o porquê de tal ação? A título de informação, um papel, para ser reciclado, não pode estar amassado e, tampouco, sujo. E aí, a pergunta: de que adianta ter no pátio um lixo destinado a papéis para reciclagem se a informação de que aquele guardanapo que envolveu o pastel que o garoto comeu no lanche (e jogou naquele recipiente com uma imensa boa vontade) não poderia ser jogado lá? E para quê, se a senhora da limpeza despeja o conteúdo de cada contêiner no mesmo saco preto?
Mais um exemplo, também comum em escolas, é o dia da reciclagem de papéis, algo parecido com uma gincana na qual os alunos da turma que levarem mais deste material ganharão, por exemplo, um lanche. De repente, uma turma ganha a gincana – contando com a ajuda do pai de um aluno que é figura importante do jornal local e levou ao colégio centenas de jornais inteiros, publicados exatamente naquele dia...
Cabe a seguinte reflexão: será que os méritos que fez da turma vencedora são, de fato, méritos? Será que não houve, sim, um grande desperdício desnecessário em cima de uma aparente boa idéia?
E, nesta linha, podemos citar muitos exemplos de boas idéias, mas que poderiam ser, de fato, excelentes ações. Sob esta ótica, vale lembrar que alguns dos princípios desta abordagem estão na relação entre conteúdos, entre as pessoas, na percepção que todos fazemos parte de um sistema uno, na solidariedade, no reconhecimento de que não precisamos de tanto quanto achamos que precisamos, na mudança de paradigmas e valores, etc., como uma tentativa de sairmos da crosta do egoísmo e pensarmos também no que está ao nosso redor e que, surpreendentemente e quase poeticamente, é parte de todos nós!
Por que não otimizar essas atividades, aprofundar, ponderar e discutir questões? Por que não explicar aos responsáveis da limpeza quão importante é fazer esta separação de materiais e quão importantes estão sendo para aqueles que serão beneficiados diretamente, indiretamente e ao planeta? Por que não incentivar o aluno a fazer a reciclagem em casa e distribuir a associações ou mesmo combinar com um coletor de recolher este material com determinada freqüência? Não seria mais substancial? Mais ainda: para que essas atividades se o mais importante, que é frisar que a reciclagem, seria uma das últimas alternativas para uma vida, digamos, “ecologicamente correta”, não é feito? Lembra-se do famoso “3R”: “reduzir”, “reutilizar”, “reciclar”? Pois é: dentro de cada instância desta, há muito o que se discutir, rever e trabalhar.
Portanto, educador, muito cuidado: o meio ambiente está “em alta”, mas um bom educador não deve fazer deste fato um trabalho vazio, só para constar nos projetos políticos pedagógicos das escolas e em seus currículos.
fonte Brasil Escola
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