Vantagens ambientais e econômicas no uso de borracha em asfalto
por GABRIELA DI GIULIO
Há pelo menos seis anos os brasileiros trafegam por trechos de rodovias que utilizam o chamado asfalto-borracha. Estima-se em mais de 2,5 mil km de estradas cobertas pelo produto em todo o país, uma tecnologia bastante disseminada nos Estados Unidos mas ainda uma novidade por aqui. Para ampliar a pavimentação com borracha nas rodovias brasileiras é preciso investir mais em pesquisas visando, principalmente, o barateamento da tecnologia, que ainda custa 50% a mais que o asfalto comum. Seria preciso, também, maior conscientização sobre a importância da reciclagem de pneus usados e incentivos para isso, principalmente em países como o Brasil, em que o transporte rodoviário é predominante. Anualmente são geradas cerca de 35 milhões de carcaças de pneus e há mais de 100 milhões de pneus abandonados no país que, reciclados, podem ser utilizados na pavimentação das estradas.
O primeiro impacto positivo no uso de borracha em misturas asfálticas está no ambiente, pois a restauração de pavimento com esse tipo de asfalto pode usar até mil pneus por quilômetro, o que reduz o depósito desse material em aterros ou fora deles, diz o pesquisador Luciano Specht, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). No entanto, outras vantagens ainda superam o ganho ambiental: aumento da vida útil do pavimento, maior retorno elástico, maior resistência ao envelhecimento precoce por oxidação do cimento asfáltico de petróleo e às intempéries e, ainda, maior resistência às deformações plásticas, evitando, assim, trilhas de rodas indesejáveis. Estas são algumas das qualidades do produto elencadas pelo engenheiro José Roberto Ometto, diretor de engenharia da Concessionária Colinas, empresa que implantou a restauração com esse tipo de asfalto, em regime experimental, em dois trechos das rodovias que administra.
"A Colinas optou por estudar essa tecnologia visando agregar as vantagens do asfalto-borracha ao seu sistema rodoviário", diz Ometto. Para isso, conta com parcerias com a Universidade de São Paulo (USP), e as empresas Falcão Bauer, Petrobras e Greca Asfaltos. O primeiro trecho a receber o novo pavimento, em setembro de 2002, foi a rodovia SP 075, entre os quilômetros 18 e 19 (pista sul) a chamada Rodovia do Açúcar. A escolha se deveu ao grande volume de veículos que passam pelo local diariamente. "Além disso, a rodovia tem uma vocação de tráfego pesado, o que confere uma solicitação de considerável desempenho e performance ao pavimento", explica o diretor. O outro trecho que recebeu a aplicação em agosto de 2005 foi a SP 127, entre os quilômetros 101 e 105 na Rodovia Antonio Romano Schincariol.
A idéia, segundo Ometto, é analisar as curvas de desempenho dessas misturas com asfalto-borracha com análises dos trechos experimentais e estudos em laboratório para que a equação desempenho x custo torne viável a adoção desse tipo de asfalto. Por enquanto, os resultados obtidos pela concessionária têm sido positivos. "O desempenho e a aceitação por parte dos usuários têm sido excelentes para os dois trechos", diz.
A boa receptividade tem sido comprovada também pela empresa Greca Distribuidora de Asfaltos Ltda. Como umas das primeiras a usar o asfalto-borracha em rodovias brasileiras, a empresa já aplicou a técnica em quase 2 mil km de pavimentação, com resultados animadores, garante o engenheiro Armando Morilha Junior, diretor técnico da Greca.
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