Frente Parlamentar Estadual da Coleta Seletiva
Coordenação: Deputado João Antonio (PT)
Assembléia Legislativa de São Paulo

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Coleta Seletiva na Copa de 2014


Logística reversa para o setor de embalagens começará pelas cidades-sedes do campeonato mundial. Elas são responsáveis por produzir 35% dos resíduos sólidos urbanos do País.
Melissa Silva
As doze cidades brasileiras escolhidas para sediar a Copa de 2014 e suas regiões metropolitanas são responsáveis pela produção de 35% dos resíduos sólidos urbanos do País, algo em torno de 91 mil toneladas de lixo geradas por dia. É por essas cidades que os empresários do setor de embalagens propõem começar a logística reversa de seus produtos, excluídas as embalagens de agrotóxicos e óleos lubrificantes que terão modelagem específica de devolução ao ciclo produtivo.

Desde maio os grupos do Comitê Orientador da Logística Reversa da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) trabalham na elaboração dos editais de chamamento das cinco cadeias produtivas definidas como prioritárias pelo próprio Comitê Orientador da PNRS: embalagens em geral; embalagens de óleos lubrificantes; lâmpadas fluorescentes; eletroeletrônicos; descarte de medicamentos.
A previsão é que os editais  de algumas categorias sejam publicados até dezembro deste ano. Com isso as empresas e indústrias envolvidas serão convidadas a apresentar suas propostas de logística reversa, de forma a compor o acordo setorial de cada uma das cadeias.
No caso das embalagens, a proposta está adiantada e uma coalizão de 15 associações do setor liderada pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) sugere que a cadeia preste todo o apoio para implantação eficaz de coleta seletiva nas cidades-sede da Copa, inclusive com recursos, fortalecendo todo o sistema, desde a educação do consumidor que precisa mudar o comportamento e começar a separar os resíduos domiciliares, incluindo os investimentos necessários para estruturação das cooperativas de catadores que deverão participar em parceria com os serviços de limpeza urbana para recolhimento separado dos resíduos.
"Sabemos que grande parte das embalagens está nas casas das pessoas, que as descartam no lixo comum, até por que a coleta seletiva funciona em apenas 18% dos municípios, mas a separação precisa começar com o consumidor", alerta o representante do Cempre, Victor Bicca.
O Cempre reúne 75% dos representantes da cadeia de embalagens e conta com a associação de empresas líderes nos mercados de PET, plástico, latas, cerveja, bebidas não alcoólicas, refrigerantes, alimentos, massa, chocolate, óleo vegetal, papel e celulose, higiene pessoal e cosmético e limpeza doméstica. Além disso, estão em negociação avançada com associações do varejo supermercadista e de vidro, ambas interessadas em compor o acordo.
Na visão deles a meta de logística reversa para as embalagens deve ser global para a cadeia e não por segmento separadamente (plástico, lata, papel, etc.). Ainda propõem que o índice esteja atrelado à fração seca de lixo reciclado e não ao percentual de embalagens coletadas por fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, que são os atores envolvidos na questão da responsabilidade compartilhada estabelecida pela Política, no que se refere à restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
"Esse grupo está empenhado em fazer com que a mudança de hábito do consumidor vire uma realidade", garantiu Bicca.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, considera a proposta interessante, mas se preocupa com a inclusão dos pequenos e médios empresários do setor e com a regionalização do País que demanda soluções diferenciadas para cada localidade.
"Precisamos focar nessa nova classe média que está consumindo cada vez mais e ter uma visão regionalizada de cada segmento do setor de embalagens para buscar resultados compatíveis com a realidade de cada estado e município", reforça a ministra.
Alumínio - A reciclagem das latas de alumínio para bebidas movimentou R$ 1,3 bilhão na economia nacional em 2009, conforme dados do Cempre. Só a etapa de coleta (a compra das latas usadas) injetou R$ 382 milhões, o equivalente à geração de emprego e renda para 216 mil pessoas.
É um caso em que o fabricante nem tem a chance de coletá-la e destiná-la à reciclagem, já que é um material valioso e as cooperativas se encarregam eficientemente delas, recebendo, em média, de R$ 3,2 por quilo, o equivalente a 75 latinhas (Cempre-dez/2010).
O que acontece com as latas de alumínio justificaria a proposta do setor de vincular a meta de logística reversa de embalagens à reciclagem, pois, por mais que a indústria não esteja recebendo o produto de volta, a destinação adequada efetiva está acontecendo, já que 98,2% das latas de alumínio foram recicladas em 2009, assegura a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), superando países industrializados, como Estados Unidos (57,4%), Argentina (92%) e Japão (93,4%).
A reciclagem do alumínio tem números expressivos e tem potencial ainda maior, considerando as 350 milhões de unidades de desodorante aerosol que são fabricadas anualmente e utilizam o mesmo material. De acordo com a associação da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, esse mercado cresce, em média, 20% ao ano e a estimativa para 2011 é a produção de 420 milhões de unidades que precisam somar ao lucrativo negócio da reciclagem.

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